Islamismo

Oriente medieval

    O islã adquiriu notoriedade, ou seja, começou a ser notado ou a se desenvolver como um todo entre os séculos VIII e XVI. A cultura islâmica se expandiu com rapidez e hoje o islamismo é a religião que a maioria dos árabes seguem e, a segunda maior religião em número de seguidores do mundo.

    Tiveram contribuições na ciência, na tecnologia e em outras áreas do conhecimento, com significativa influência no Ocidente e no desenvolvimento da ciência moderna.


Origem e expansão do islamismo

    Surgiu na península arábica, que era povoada por grupos nômades que viviam no deserto, conhecidos como beduínos. As tribos eram divididas e independentes entre si, e eram lideradas por um sheik (chefe local).

    Como se localizavam no deserto, era difícil desenvolver uma atividade agrícola, portanto, concentraram-se no comércio. Comercializavam tecidos, perfumes e temperos com a Índia e com a China. Com a África, comercializavam pedras preciosas, alimentos e escravizados. 


Muhammad: o profeta

    Por volta de 570, nasce, na cidade de Meca, Muhammad, que seria o profeta da religião islâmica. Ele nasce num clã pobre, da tribo coraixitas, e sua família pagou para que os beduínos o criassem para que ele adquirisse uma experiência em comércio. Ele se torna um líder de caravana e adquire uma grande experiência como líder de comércio do deserto. Assim, acaba entrando em contato com cristãos e judeus, isso influencia Maomé a criar essa crença monoteísta. 

    Segundo a narrativa islâmica, o destino de Maomé como profeta teria sido anunciado por um monge cristão, quando ele ainda era muito jovem, e, aos 40 anos, após realizar um retiro para oração nas montanhas, Maomé passou a afirmar que o anjo Gabriel havia lhe aparecido em uma visão. O anjo teria dito que somente um Deus existia, e esse Deus era Alá, e que as pessoas deveriam crer e viver segundo suas leis. Assim, Maomé torna-se profeta de Alá e iniciou suas pregações, primeiramente entre seus parentes e conhecidos. 

    Ao propagar esse culto, Maomé entra em choque com os coraixitas, que dominavam o comércio em Meca, e começam a ver essa nova religião monoteísta como ameaça ao politeísmo, e essa ameaça poderia ameaçar a posição de Meca como ponto de convergência dessas tribos que íam até Meca cultuar seus deuses. Vale ressaltar que em Meca ficava a Caaba, o mais importante templo da região que reunia imagens de diversas divindades.

    Por isso, os coraixitas vão perseguir Maomé, em 622, levando Maomé a fugir de Meca para Yatreb. Esse episódio marca a fundação do calendário islâmico e ficou conhecido como Hégira. 

    Porém, Maomé não vai à Yatreb apenas fugindo, ele vai para lá com um grupo de seguidores com o objetivo de dominar Yatreb. Ele consegue dominar Yatreb em 627 e 10 anos depois ele retorna, para tomar de vez Meca. 

    É em Meca que ele funda a sede de seu governo. Maomé é um chefe político e militar, além de um chefe religioso. 

    Ele transforma a pedra negra, um objeto usado como culto politeísta, em um objeto de culto monoteísta. Ele diz que a pedra negra foi enviada por Deus, Alá, à Abraão, e, essa pedra era branca, mas se tornou negra por causa dos pecados humanos. Então, os homens deveriam olha para essa pedra para lembrar de seus pecados e se curvarem diante de Deus, assim nasce o islamismo.

  Curiosidade: a origem etimológica da palavra islamismo: Islam significa submissão e deriva de Salam, que significa paz. 

    Mas antes que essa religião tivesse um grande alcance territorial, acontece a morte de Maomé, em 632, e surge uma grande questão sobre a sucessão dele, que vai dividir o povo árabe em duas vertentes. 

    Os xiitas defendiam que o sucessor de Maomé deveria estar dentro da família de Maomé, considerada sagrada por essas pessoas e defendiam como principal sucessor um primo de Maomé. 

    Os sunitas defendiam que o novo líder deveria ser alguém escolhido entre os chefes militares muçulmanos, os califas. Além disso, os sunitas, vão defender que, além do Alcorão, livro sagrado do islamismo, um outro livro deveria ser escolhido como sagrado, o Suna, uma espécie de biografia dos principais eventos da vida de Maomé.

    Assim, a mensagem do profeta passou a ser interpretada de diferentes maneiras. 

    Atualmente, a maioria dos muçulmanos são sunitas. Os xiitas são maioria apenas no Irã, Iraque, Bahrein, Azerbaijão e Iêmen. Até os dias de hoje, os praticantes de cada uma dessas vertentes sustentam divergências que interferem política e militarmente nos países de fé islâmica. 


Corão

  O livro sagrado do islamismo é o Corão, ou Alcorão, um livro que segundo a tradição islâmica foi revelado por Alá a Maomé, que segundo muitos relatos, era analfabeto. Outro livro importante era o Suna, que conta passagens da vida de Maomé e que deve ser levado como referência para os muçulmanos. 

  Podemos observar que personagens da Bíblia cristã, como Abraão, Moisés e Jesus, estão presentes e têm certa importância nas narrativas islâmicos. O monoteísmo, a crença na imortalidade da alma, a crença em um juízo final, por exemplo, são características do islamismo que podem ser encontradas do judaísmo e no cristianismo. Essas semelhanças podem ser atribuídas ao contato de Maomé com crenças cristãs e judaicas antes de iniciar suas pregações.

  Portanto, podemos dizer que o islamismo surgiu a partir da combinação de tradições religiosas de diferentes povos e se conformou em uma religião original. 

  

Os 5 pilares do islamismo

    O islamismo têm 5 princípios básicos a serem seguidos:

    1º - Shahada, chamada de profissão de fé, ocorre geralmente na fase da adolescência, onde fazem um juramento de lealdade a Alá, como seu único Deus e Maomé como seu grande profeta. Todo muçulmano torna-se responsável por si diante de Deus. 

    2º - Salat, trata-se da obrigação de rezar 5 vezes por dia, com a cabeça voltada para Meca. 

  Curiosidade: para se orientar, atualmente, eles costumam usar um aplicativo de celular, que indica a direção correta em que eles devem rezar e notifica os usuários com lembretes nos horários das orações. 

    3º - Zakat, trata-se de uma doação obrigatória destinada aos pobres e necessitados e deve ser praticada por todo muçulmano com capacidade financeira. 

    4º - Jejum no mês do Ramadan, dura todo o período lunar do Ramadan, que é um dos meses do calendário islâmico, e deve ser praticado por todo muçulmano com capacidade de jejuar. O jejum inicia-se antes do Sol nascer e encerra-se após o Sol se pôr. Nesse mês, eles comemoram a famosa Hégira, fuga de Maomé de Meca para Yatreb. 

    5º - Hajj, trata-se da viagem de peregrinação à Meca, que deve ser feita pelo menos uma vez na vida por muçulmanos com condições para tal. 

    Além desses cinco pilares do islamismo, é preciso se lembrar de um outro fundamento estabelecido por Maomé, o chamado Jihad, que, no discurso original de Maomé, significa a obrigação de todo muçulmano de levar o conhecimento sobre Alá para todos os outros povos que conhecem um pouco ou que não conhecem Alá.

    Mas nesse contexto, onde a principal estratégia de levar o islamismo a outros povos, é a estratégia militar, o termo “Jihad” acabou sendo considerado Guerra Santa, ou seja, Guerra em nome da expansão islâmica. 


Expansão do Islã 

    Cerca de vinte anos após a morte de Maomé, os muçulmanos consolidaram o controle sobre a Península Arábica e conquistaram a Síria, o Egito e a Palestina, as províncias mais povoadas e ricas do Império Bizantino. Destruíram o Império Persa Sassânida, ocupando à Mesopotâmia. Converteram a maioria dos sírios, egípcios e persas ao islã, o que lhes permitiram continuar com suas conquistas de um modo muito rápido.

    O grande elemento motivador dessa expansão é o princípio do Jihad, então a expansão árabe tem uma motivação religiosa, e essa expansão acontece em três etapas.

    Primeiro, temos os califados ortodoxos, que começam com Maomé, quando ele toma a cidade de Meca, mas em 661, temos início de uma nova dinastia, a dinastia omíada, que vai mudar a capital do império islâmico da cidade de Meca para a cidade de Damasco, mas o auge da expansão acontece durante a dinastia Abássida, lá no século VIII. É nessa dinastia que acontece o auge, e, em seguida, a decadência. Eles também mudam a sede, de Damasco para a cidade de Bagdá. 

    Com o avanço das conquistas, estruturaram uma burocracia dirigida por um primeiro ministro, chamado de vizir, o império em províncias governadas por emires e, em cada cidade, foram nomeados cádis, que administravam a justiça de acordo com as normas do Corão.

    Eles chegam até a Península Ibérica, sul de Portugal, boa parte do sul da Espanha e vão tentar chegar até a França, mas são barrados em 732, na famosa Batalha de Poitiers, liderada pelos Francos, com um grande Major Domus Carlos Martel. 

    A partir de 750, o Império Islâmico deixou de se expandir. Era um Império extraordinariamente grande para sua época. Suas fronteiras estavam na Índia e na Espanha, de modo que o Império Islâmico intermediava as relações culturais entre o Oriente e a Europa.


Legado Cultural

    Já pensou em realizar os cálculos do dia a dia usando algarismos romanos? Esse sistema decimal numérico que usamos hoje é um sistema árabe. Alcuarismi é o homem responsável pela adaptação de um sistema indiano para esse sistema atual que nós usamos, que é um sistema de origem árabe. 

    Na medicina e na anatomia, os árabes vão ter universidades a partir do século VII, e nessas universidades faziam-se estudos de anatomia, estudos de causa e efeito de remédios, práticas cirúrgicas no campo da medicina. 

    Um nome muito importante na medicina é Avicena, ou Abu Ali Huceine, um polímata persa que escreveu tratados sobre variados conjuntos de assuntos, dos quais aproximadamente 240 chegaram aos nossos dias. Em particular, 150 desses tratados se concentram em filosofia e 40 em medicina. 

    Na filosofia, temos o contato árabe com o império bizantino, e a absorção de elementos da filosofia grega. Eles vão ler Aristóteles, e aqui temos um figura importante que é o Averróis, um filósofo que vai absorver essa influência clássica para o pensamento árabe.

    Já na arquitetura, temos o destaque das mesquitas, templos árabes, e nessas mesquitas, haviam torres, bastante finas e altas, chamadas de minaretes. E como elemento decorativo, haviam os arabescos, que vão influenciar, por exemplo, os azulejos portugueses, quando os árabes chegam à Península Ibérica. 

    Na literatura, temos uma obra chamada 1001 noites, que contam as passagens dos árabes, dos costumes árabes. Uma das principais seria Ali Babá e os 40 ladrões, por exemplo. 

    E, por fim, os árabes são responsáveis por inventar o instrumento musical mais popular do mundo: o violão.



Escrito e publicado por: Beatriz Vendeiro e Davi Junqueira

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